Home Governo de Portugal DGPC Home UNESCO
English Version

Quinta da Cerca

 

Quinta da Cerca é o nome por que muitos ficaram a conhecer a propriedade murada situada a norte do Mosteiro da Batalha que pertenceu ao Seminário Diocesano de Leiria até 1988.

 

Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, a Quinta da Cerca, que pertencera ao Mosteiro da Batalha, foi vendida em hasta pública e arrematada por José Maria Crespo. Deixada em herança a sua filha Júlia Charters Crespo, foi por ela doada ao Seminário Diocesano de Leiria, no início da década de trinta do século XX.

 

Ao transformar-se em propriedade particular, após 1834, foram demolidos os muros que ligavam a sua cerca ao edifício conventual, fechando-se o respetivo perímetro com um novo muro que ainda hoje corre a norte do Mosteiro, entre o edifício e um parque de estacionamento.

 

Seguindo uma tradição multissecular, a Quinta da Cerca continuou a ser constituída por terras de semeadura, vinha e pomares, além de pinhal e pastagens, fornecendo uma parte importante do sustento do Seminário Diocesano de Leiria. O lagar de azeite, reconstruído em 1939, conforme uma inscrição que ainda hoje se pode ver na sua fachada principal, foi modernizado com a introdução de moinhos de duas galgas e de prensas hidráulicas. Desta forma, podia dar resposta à crescente demanda dos proprietários de olivais da região.

 

Durante a década de 1970-1980, vai modificar-se substancialmente o modo de vida dos portugueses. A instalação de fábricas proporcionará uma vida menos dura a muitas famílias, que acabam por abandonar o trabalho dos campos como primeira atividade. Propriedades de média dimensão e policultura, como a Quinta da Cerca, começam a enfrentar severas dificuldades – falta de caseiros, aumento do custo da mão de obra, dificuldade em escoar a produção – que ditarão o seu fim. No início da década de oitenta do século XX, o lagar de azeite, outrora próspero, paralisa definitivamente. Nos últimos anos de vida da Quinta da Cerca, o Seminário de Leiria investe na produção de gado bovino, acreditando-se então que esta escolha iria possibilitar a sobrevivência daquela secular paisagem rural estremenha.

 

Em 1988, acabou o Seminário Diocesano de Leiria por vender a Quinta da Cerca a António Gomes Vieira e Filhos, Lda.. A maior parte da quinta foi, entretanto, adquirida pelo Município da Batalha, que aí tem vindo a instalar diversas infraestruturas concelhias: piscinas, courts de ténis, pavilhão multiusos, campo de futebol, pavilhão desportivo. Em parcelas vendidas a entidades privadas, foram construídos um supermercado e um hotel.

 

A parte da Quinta da Cerca situada na margem poente do rio Lena, que conserva um açude de pedra e importantes extensões muradas, bem como as ruínas do lagar de azeite e da azenha, na margem nascente, não mudaram de proprietários, permanecendo como testemunho de um passado quase esquecido. Outros importantes troços da cerca podem-se avistar acima da estrada municipal que atualmente passa ao lado do lagar, bem como na encosta sobranceira ao IC2.

rss