Quando se entra na Igreja de Santa Maria da Vitória pela sua porta principal, dificilmente se consegue iludir a forte impressão de majestade e grandeza que a visão do seu interior origina. Esta grandiosidade (mais de 80 metros de comprimento, por 22 metros de largura e 32,5 de altura) compreende-se por realizar ambicioso projeto de D. João I: programa monumental que expressava muito mais a afirmação do seu poder, e o sentido do Mosteiro como panteão real do que uma vocação conventual, até porque a comunidade dominicana nunca foi em número que justificasse tal dimensão.
Organiza-se em três naves, as duas laterais mais estreitas e mais baixas que a central. As naves conduzem ao transepto, onde ao centro do cruzeiro encontramos um moderno altar-mor que antecede a cabeceira. Esta é constituída por cinco capelas poligonais, antecedidas de tramos retos, sendo a central mais alta e profunda do que as quatro laterais. A elevação da Capela-mor em dois andares, com frestas de iluminação preenchidas com vitrais, datando os mais antigos dos primeiros anos do século XVI, constitui uma inovação na arquitetura gótica portuguesa, circunstância que, aliada à grande altura a que se ergue, igual à da nave do meio, contribui para acentuar a profundidade desta última, de que se assume como remate luminoso e transparente.
As abóbadas tanto da nave central quanto das colaterais são nervuradas com ogivas e cadeias, tendo ao centro largas chaves ornamentais com temas vegetalistas de acentuado naturalismo, aspetos que permitem pensar ter sido mestre Huguet o responsável pela finalização desta cobertura.
A porta lateral, de quatro arquivoltas de arco quebrado, deve-se a Afonso Domingues, que aqui utiliza uma linguagem ainda arcaizante nos elementos decorativos das arquivoltas e na definição do gablete pontiagudo. A novidade maior desta porta tem a ver com a aposição, sobre o campo definido pelo gablete, dos brasões dos fundadores do mosteiro, em trabalho escultórico de belo efeito.
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