A Festa da Santíssima Trindade, da Vila da Batalha, é uma tradição muito antiga, que, em princípio, já vem desde o reinado de D. Manuel I.
Realiza-se oito semanas depois do Domingo de Páscoa.
Existe um Juiz Imperador e Mordomos que, geralmente, dão, cada um, uma oferta que é colocada num andor ou tabuleiro, ricamente decorado. Normalmente, os andores vão cobertos com bolos de “ferradura”, típicos da região.
Depois da missa solene, há a procissão do Santíssimo, seguida do desfile das ofertas que percorre a vila, subindo ao Carvalho do Outeiro, onde são atiradas merendeiras bentas, prosseguindo até ao local do arraial.
Embora hoje isso não aconteça, antigamente a festa começava na 6ª feira, com uma corrida de touros de morte.
A carne desses touros era usada para o “bodo”, que mais não era do que pão, vinho e carne que era distribuída pelas casas mais pobres da vila, pelo hospital e pela cadeia. Depois, em praça pública, onde se juntavam pobres e ricos, era distribuído o “bodo” que restava.
Havia também um peditório, autorizado pelo Rei, e cujas ofertas revertiam: um quarto para a Confraria da Santíssima Trindade, que não tinha outro meio de obter rendimentos pois não tinha renda própria, e o resto para o bispado.
A origem desta festa está associada a uma lenda, que nos diz que, um ano, apareceram formigas no celeiro dos frades e estes, quando viram o seu sustento arruinado, fizeram uma promessa,que consistia na feitura de uma festa anual em Honra da Santíssima Trindade e, na qual ,prestavam um tributo às formigas.
No ano seguinte, a festa começou a ser feita e, quando estavam a passar com a procissão na zona do Carvalho do Outeiro, foram deitadas merendeiras de pão ázimo, que era o tributo às formigas. As formigas que tinham acompanhado a procissão até ali, lá ficaram e nunca mais assaltaram os celeiros dos frades.
No entanto, um ano, a festa não se fez ou não passou pelo local habitual e logo, daí adveio um castigo tal que, desde essa data que se cumprem escrupulosamente os preceitos da festa.
Conta-se que um frade dominicano do convento da vila, que tomou parte na procissão, por desprezo pela tradição ou por ser mais fácil, não cumpriu a praxe e desviou-se do caminho que normalmente era percorrido.
Nesse ano, uma praga de insetos devorou, por completo, o trigo dos celeiros dos frades. Este acontecimento logo foi tomado como um castigo pela falta cometida pelo frade e nunca mais se deixou de cumprir todos os preceitos que a tradição exigia.
Ainda hoje se atiram as merendeiras, da zona do Carvalho do Outeiro e, dizem os populares que, guardadas ao longo do ano, afastam dos armários a traça e outros insetos.
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