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Francisco Henriques

 

Alguns vitrais da capela-mor da igreja – Descida ao limbo, Aparição de Cristo a Maria Madalena, Aparição de Cristo à Virgem, Ascensão, Pentecostes – apresentam uma grande afinidade com a obra do pintor retabular Francisco Henriques. A origem deste artista não é portuguesa, supondo-se flamenga. Porém, desenvolveu a sua carreira em Portugal e, por essa razão, a sua pintura adquiriu características propriamente nacionais. Conquistou a fama de melhor pintor do seu tempo, o que lhe valeu várias importantes encomendas do rei D. Manuel I. A última em que trabalhou, o coruchéu do Limoeiro em Lisboa (1518), valeu-lhe a morte por aí ter contraído peste bubónica, juntamente com vários colaboradores seus.

 

Os vitrais agrupáveis sob a autoria de Francisco Henriques reforçam a hipótese de coincidência entre o pintor retabular e o pintor de vidro, sugerida pela documentação escrita referente às obras de S. Francisco de Évora, em que um artista do mesmo nome exerce ambas as competências.

 

Desde finais do século XV, a formação dos profissionais do vitral especializou-se, de acordo com a própria evolução desta arte, adquirindo o mestre pintor de vidro um relevo particular. Francisco Henriques seria decerto um destes mestres, referindo-se-lhe de facto os documentos apenas como "mestre" e nunca como "mestre vidreiro". Foi também este o artista do vitral que, de todos os que entre nós conhecemos, melhor se fez pagar. Dois documentos de 1508 relacionados com os vitrais que Francisco Henriques ia fazer para Santa Cruz de Coimbra e com os que fez para S. Francisco de Évora mostram, aliás, o empenho de D. Manuel em controlar os montantes segundo os quais o artista se cobrava, procurando informar-se dos valores previamente acordados para Santa Cruz. Na empreitada de Évora, Henriques terá presumivelmente assumido, em simultâneo, funções de direção dos trabalhos e de pintor, responsabilizando-se naturalmente pelos cartões, pois foi com ele e com o rei que, para efeitos de estabelecimento do programa iconográfico, o vedor das obras, Álvaro Velho, se entendeu.

 

Os painéis diretamente atribuíveis a Francisco Henriques, na Batalha, são obras de maturidade do pintor, datáveis de cerca de 1514. Tanto mais o são quanto nelas se incorpora a experiência sensorial profunda feita de reiterado e amoroso questionamento do real, assente numa formação jamais renegada.

 

Da mão de Francisco Henriques pode ter saído o cartão para os vitrais da casa do capítulo, datados de 1514 e executados por um pintor menos hábil. A marca de Henriques parece perdurar em aspetos da composição que são recorrentes na sua obra.

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