No ano passado, foram encontrados diversos tipos de azulejos, numa divisão desativada do espaço afeto aos militares que, no Mosteiro da Batalha, fazem a guarda de honra ao Soldado Desconhecido. Uma parte dessas peças foi imediatamente identificada como tendo pertencido a frontais de altar do século XVII.
O estudo e a conservação destes azulejos é tão mais importante para o conhecimento e a memória do Mosteiro, quanto se sabe muito pouco sobre a casa conventual, no período em que foram produzidos e aplicados. Da vizinha Quinta da Várzea, propriedade dos frades da Batalha, guarda-se um frontal de altar da mesma “família”, denominada de “aves e ramagens”.
A investigação e o tratamento do que se conclui ter pertencido a três frontais distintos coube a Inês Rodrigues, orientada por Lídia Catarino e Pedro Redol, no âmbito de um estágio para conclusão do curso de mestrado “Património Cultural e Museologia: conservação e reabilitação”, da Universidade de Coimbra. Este estudo permitiu concluir que os azulejos pertenceram a três altares distintos, instalados na sala do capítulo do Mosteiro, dos quais praticamente se tinha perdido a memória.
Os frontais de aves e ramagens inspiraram-se em panos pintados, vindos da India, nomeadamente chitas, tendo-se cruzado essa inspiração com alguns elementos da cultura cristã. Como exemplo, é possível identificar, no centro dos painéis, cartelas com imagens de devoção católica, como os cravos de ferro emoldurados pela coroa de espinhos (instrumentos da Paixão de Cristo) e a Virgem Maria.
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