O Convento de Santa Maria da Vitória, hoje conhecido por Mosteiro da Batalha é a materialização da promessa feita no campo de batalha pelo rei D. João I à Virgem Maria, perante a dimensão de tudo o que estava em jogo, prometendo-lhe a edificação de um mosteiro caso saísse vencedor daquele embate histórico, tal como pode ler-se no seu testamento redigido por Lopo Afonso em 1426, “no dia da batalha que ouuemos com elrey de Castela, de que Nosso Senhor nos deu vitoria, de mandarmos fazer aa homra da dita nossa Senhora Santa Maria (...) ally açerqua domde ella foy hûu moesteiro”.
O significado da construção do mosteiro não se esgotou, porém no cumprimento honesto daquele voto; corporizou também, desde o início, a consagração de D. João I como rei de Portugal, assumindo-se desta forma como sinal visível e símbolo da nova dinastia, assim expressa e definitivamente legitimada pela vontade divina.
Embora não haja certezas sobre a data exata de início das obras do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, tudo leva a crer que a formação do grande estaleiro, adequado à grandiosidade do projeto desejado por D. João I, ter-se-á iniciado um ano ou dois após a Batalha de Aljubarrota travada em Agosto de 1385.
O primeiro arquiteto foi Afonso Domingues, ativo desde o início da construção até 1402. A ele se deve a conceção e a traça geral do complexo monástico, constituído pela igreja, com a sacristia, e pelo claustro, com a casa do capítulo, o dormitório, a cozinha e o refeitório. Cerca de catorze anos passados na direção das obras permitiram-lhe erguer grande parte da igreja, a sacristia e duas alas do claustro, tendo ainda iniciado a casa do capítulo.
Em 1402, sucedeu-lhe Huguet um mestre estrangeiro, muito provavelmente catalão, que já se encontrava a trabalhar no estaleiro batalhino. Durante os longos trinta e seis anos em que esteve à frente das obras, coube-lhe finalizar o trabalho iniciado pelo seu antecessor. Ao intervir na obra iniciada por Afonso Domingues, Huguet fê-lo introduzindo formulações arquitetónicas e decorativas inovadoras, sendo a arrojada abóbada que cobre, num só voo, a casa do capítulo, a demonstração mais evidente desta profunda mudança.
A mestre Huguet se deve ainda a planificação de raiz de duas capelas, ambas de planta centralizada, que não estavam previstas no plano inicial do mosteiro: a Capela do Fundador, para panteão de D. João I e as Capelas Imperfeitas, estas encomendadas por D. Duarte, com idêntica finalidade de panteão familiar.
A Fernão de Évora coube a direção das obras do claustro de D. Afonso V, um dos primeiros com dois andares a ser edificado em Portugal e cuja construção obedeceu a critérios de maior simplicidade estrutural e acentuada austeridade decorativa.
De um rol mais alargado de mestres deste conjunto monumental importa salientar a importância do trabalho de Mateus Fernandes, ativo entre 1490 e 1555. Deve-se-lhe o segundo momento construtivo das Capelas Imperfeitas tendo deixado bem expressa a sua marca pessoal no majestoso portal de entrada, uma das primeiras e mais originais manifestações da arte manuelina, que nem o sobreposto balcão renascentista, provavelmente de Miguel de Arruda, consegue esbater o seu encanto.
Do conjunto monástico fazia ainda parte um terceiro claustro construído no reinado de D. João III ligado, no lado este, ao claustro de D. Afonso V e que era um vasto conjunto de dependências, reclamadas pelos frades. Incendiado pelas tropas francesas em 1810, acabou por ser completamente demolido no século XIX, nas campanhas de restauro do monumento, tendo muita da sua pedra sido utilizada na construção da Ponte da Boutaca, obra de arte neo-gótica, localizada a poente do Mosteiro.
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